terça-feira, 19 de julho de 2011
Não é o fim de verdade.
Milhões de fãs acompanharam a transmissão ao vivo da Première de Harry Potter e as Relíquias da Morte parte 2 ocorrida em Londres há alguns dias. Ficamos atentos a cada ator/atriz que chegava, então quando chegavam, sorriamos e surgia em nossas mentes o personagem e nossa alegria era muito maior, o coração inflava e flutuávamos. Mas alguma coisa nos cutucava e dizia: “hey, não pense mais neles assim, eles nunca mais irão ser esse ou aquele personagem, é o fim!”
O fim... Um bombarda máximo parece espocar em nosso peito e alguma coisa parece querer se apagar... Muitos de nós, fãs incondicionais de HP, estivemos tentando não pensar nisso, eu também estive fazendo um esforço gigante para não pensar, não sentir isso... Mas não dá, é impossível olhar o ingresso e não ter a perfeita noção de que é o último que será comprado para um filme de Harry Potter, não dá pra olhar o último trailer e não entender que realmente é o último, não dá pra ver as últimas artes conceituais das cenas e não compreender que serão as últimas. É impossível entrar na fila do cinema e não ter aquela sensação mesclada entre alegria e pesar, o nó na garganta, uma ligeira queda de pressão que deixa suas mãos trêmulas, suadas e frias. Várias cenas invadem sua cabeça, um filme, não, vários filmes passam diante de você, incluindo todos os momentos de sua paixão pela série, as loucuras que fez para adquirir um livro ou assistir a um dos filmes, histórias e mais histórias tecidas sob motivação do menino bruxo e dos muitos personagens que povoaram nosso mundo mágico durante todos esses anos. Você olha para os lados, vê os cartazes, sente o coração ficar apertado como se um Comensal muito competente estivesse te lançando um cruciatus no peito e pensa: “Puxa vida, é a última vez! Não verei mais, não terá mais... acabou...”. É claro que a euforia para ver o filme vai anestesiar a tristeza por algumas horas, estaremos elétricos, como não? É o final épico! Sim, o final...
O fim do “como será?”, do “quando vai ser?”, “quem?”, “como?”, “onde?”... Depois do filme, quando você se der conta que não tem o próximo, vai se sentir como um bruxinho de onze anos que não recebeu a carta de admissão em Hogwarts ou que ao passar pelas plataformas nove e dez, não encontrou mais o Hogwarts Express. Encarar um “fim” dá sensação de haver sido expulso de Hogwarts, sem justa causa e nem poder apelar para audiência no Ministério da Magia.
As aventuras de Harry Potter embalaram nossos sonhos, animou o cotidiano, nos fez rir, pensar, aprender, compreender, perdoar... Amar. Você como legítimo potteriano, não raro, já se pegou dizendo para si: “um Grifinório não teme desafios!”, “Um Corvinal não dorme no ponto!”, “Um Lufa-lufa nunca nega ajuda!”, “Um Sonserina nunca é agarrado desprevenido!”. Sim, absorvemos muito dos livros de J.K. Rowling, muito mais do que sonharam os pais que presentearam seus filhos com o primeiro volume, desejando que fosse divertida a leitura. A viagem pelas páginas foi mais que divertida, foi mágica! Por isso, obrigada pai, obrigada mãe, obrigada tia, tio, avó, avô, amigos que presentearam, colegas que surrupiaram o livro da estante de um parente ciumento para emprestar ao companheiro potteriano que não pode ter acesso ao volume... Obrigada salário do final do mês, sim, porque nós crescemos, e muitos passaram a custear as próprias maravilhosas chaves de portais para Hogwarts: os livros e filmes.
É inegável que há um frisson em nossas almas por conta do oitavo filme, ele nos conserva um largo riso na face, a todo custo chutamos pra longe a percepção do fim da linha. Mas, o efeito da adrenalina vai passar, o filme vai passar, as cenas ficaram cravadas na mente e a noção dementadora de final tentará arrancar esse sorriso. A escuridão da sala, quando as últimas letrinhas dos créditos desaparecerem, será o espelho pavoroso da sensação que tentará devorar seu coração apertado pelo encerramento de uma aventura de anos. Você vai se sentir como Harry quando viu sua firebolt aos pedaços. Quando isso acontecer, não pense duas vezes, “saque sua varinha” (seus livros e DVDs) e conjure seu patrono, mande o dementador da angústia do “final” ir para o raio que o parta!
Potteriano que é potteriano não admite o efeito “final” no seu mundo bruxo, não há final para nós, pertencemos ao mundo mágico e não esqueceremos os meios para chagar até ele, teremos prazer de ensinar a rota para outros que, como nós, querem experimentar magia pura através de uma saga que se tornou um marco em sua categoria. Não esfriaremos, permaneceremos unidos. Se nos perguntarem por quanto tempo seremos fiéis ao mundo que visitamos durante mais de uma década e aos personagens aos quais aprendemos a amar como amigos de longa data, sim, se perguntarem: “por quanto tempo?”, respiraremos plácidos e resolutos, com olhos tranquilos pousando na superfície da capa de um dos grossos volumes de HP e responderemos: “sempre”.
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