Sabemos que nem sempre a Academia é justa - se fosse, Harry Potter já teria recebido algum prêmio - mas ainda assim um ganhador de um Oscar fica eternizado. Harry Potter já está na história, mas um reconhecimento dos mais respeitados profissionais do cinema não seria ruim.
Estando de acordo com isso, a respeitada jornalista e crítica de cinema Ana Maria Bahiana publicou em seu blog um texto em que reflete sobre a possibilidade de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2" ganhar um Oscar ser maior ano que vem, que as dos outros filmes foram no passado, por até agora não terem aparecido "Os Favoritos". Confira logo abaixo!
É válido lembrar que no ano passado, um pouco mais tarde que agora, a jornalista Mary McNamara do Los Angeles Times publicou o texto "Será que Harry Potter nunca vai alcançar a magia do Oscar?", em que criticava a posição da Academia com relação à série. Infelizmente, mesmo assim, Harry Potter foi indicado só em duas categorias, faturando em nenhuma delas.
Por Ana Maria Bahiana - Hollywoodianas
Para fãs, isso pode ser um fator empolgante na disputa deste ano. Para os estrategistas, o vazio tem cor e cheiro de oportunidade: a impressão é que, com pouco mais de um mês até as indicações para os Globos de Ouro e 70 dias das indicações para o Oscar, tudo pode acontecer.
Depois de ver alguns títulos que estavam no balaio de possibilidades – mas impedida, por embargos diversos, de dizer algo a respeito, agora – posso adiantar que a lista original encolheu um pouco. Por outro lado, cresce o burburinho em torno de Young Adult – que não vi ainda-, retorno da dupla Jason Reitman (diretor)- Diablo Cody (roteirista).
A falta de francos favoritos entre as opções de costume – independentes, independentes de luxo e lançamentos “de prestígio” dos estúdios, principalmente dramas, de preferência de época – pode levar a uma interessante resolução: a premiação de quem menos se esperava, em circunstâncias habituais. Quem se lembra de O Silêncio dos Inocentes em 1992? Lançado em fevereiro de 1991, o thriller de Jonathan Demme disparou na última hora exatamente porque seus rivais – Bugsy, JFK, O Príncipe das Marés e A Bela e a Fera (que aliás entrou na lista pelo mesmo motivo) – não tinham aquele “algo mais” que define o franco favorito.
Mais recente e mais adequada como comparação, a vitória de O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei em 2004 nasceu exatamente do mesmo impasse, a falta de poder de fogo da competição (Sobre Meninos e Lobos, Encontros e Desencontros, Mestre dos Mares e Seabiscuit-Alma de Herói).
Acho ainda mais interessante que Retorno do Rei tenha levado tanto o Oscar quanto o Globo de Ouro. O corpo votante dos Globos é menor e mais difícil de prever, impulsionado por preferências pessoais e culturais (afinal, somos todos correspondentes estrangeiros…). Já os Oscars e os prêmios das Guildas representam o consenso da indústria, dos colegas, de quem faz os filmes concorrentes. Suas escolhas revelam um tanto do, digamos assim, subconsciente do ofício: o que se faz é uma coisa, o que merece prêmio é outra.
Quando nenhum título das categorias prevísiveis – drama, filme de época- tem a capacidade de gerar admiração sem reservas, sobem as chances de filmes que a indústria faz em grande volume mas quase nunca acha que merece honra especial – thriller, fantasia, sci-fi.
Quem se beneficia este ano? Harry Potter e As Reliquias da Morte, parte II. É, até agora, uma unanimidade inquestionável de crítica, público e, sobretudo, apreciação de seus pares na indústria. Seria também um modo de reconhecer uma década de trabalho de superior qualidade realizado por uma equipe extremamente talentosa. E, para a platéia, uma supresa gostosa num ano até agora imprevisível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário